Como tudo, cozinhar tem diferentes conceitos, estes diferem de pessoa para pessoa, e com tal, há que goste, há quem não goste, há quem ache uma verdadeira seca e há quem adore... são opiniões, e apesar de cozinhar ser a minha verdadeira paixão, não torna este facto discutível... embora sinceramente me custe muito a perceber como é que é possível haver quem não se sinta contagiado pela fascinante arte de cozinhar, de conjugar aromas, sabores, cores e perfumes, de todo o ritual da preparação de um prato, da emoção e excitação de procurar um perfeito equilíbrio dos ingredientes e assim ver nascer novos sabores, pratos, cozinhas, de não ficar maravilhado com toda a alquimia, quase magia que se passa numa cozinha.... Mas, enfim são opiniões!! No entanto o que não é discutível é o prazer da mesa, porque sejamos sinceros, quem não encontra alegria em prato algum, têm um grave problema, pois o tempo em que a alimentação era um mero acto de subsistência já lá vai há muito.....  E assim porque o mundo da cozinha é vasto, para todos os que não gostam de cozinhar, para todos os que não têm tempo e para todos os outros não queria deixar de partilhar uma cozinha inventiva, original, alegre, colorida, musical, e muito... minha!!!

domingo, 18 de setembro de 2011

Era uma vez um sonho em terras provençais - Uma espécie de crónicas de viagem











































Ás vezes pode acontecer que hajam momentos que nos parecem tão maravilhosos, que ficamos em dúvida se não será ainda apenas um sonho!!  Foi o que me aconteceu em algumas manhãs à umas semanas atrás!! Os verdadeiros sonhos durante toda uma semana de viagem passavam se de dia, enquanto estava bem acordada, e não durante a noite, enquanto dormia, pois estes nunca conseguiam igualar à magia dos primeiros. 
O sonho que vos vou falar hoje começou a primeira vez que fechei atrás de mim, a porta do prédio onde fiquei as noites que passei em Nice, um prédiozinho no centro velho da cidade. Não estava de entrada, mas de saída. Estava perante um sem numero de ruelas estritinhas e sinuosas, com prédios não muito altos, mas dado a largura das ruas, o suficiente para manter a sombra todo o dia,  que confessemos era bastante agradável dado ao calor que se sente 24h nesta cidade. Estes prédios, na sua maioria amarelos, mas também azuis, cor-de-rosas, verdes e de uma data de outras cores, todos eles com portadas também elas bastante coloridas, criavam uma alegria sem igual, mesmo que na sua grande maioria faltasse uma boa pintura e até uma restauraçãozita. A verdade é que suponho que toda este alegria não venha apenas de todo este colorido, venha da costela italiana que por ali ficou, já que esta é um vizinha bem próxima. Sim, é isso porque a alegria sente-se também no ar, o ambiente é calmo e descontraído, mesmo quando todos trabalham, sente-se as donas de casa a estender a roupa em movimentos muito suaves, atentas a tudo o que se passa na rua, prontas a cumprimentar quem passa e até a dona de casa que faz a mesma tarefa mais ao final da rua... os funcionários dos 50 mil restaurantes que ali há, recebem as mercadorias e encomendas com igual calma mesmo sabendo toda a quantidade de trabalho que há ainda pela frente, pois apesar de muitos, o que é facto é que estão sempre cheios. E assim sucessivamente, tudo não passa de uma arte de viver, de aproveitar todos os momentos do dia, mesmo que se tratem das mais rotineiras acções, o propósito é sempre tirar o maior proveito da vida. 





Mas ainda há muito mais que encante quem lá passa, primeiro, e para os claustrofóbicos não ficarem já em pânico com todas as ruazinhas apertadinhas, quando menos se espera, aparece um praça cheia de esplanadas, e na sua maioria com um linda e imponente igreja, mesmo que por vezes passe despercebida à primeira vista, ou até  mesmo um palácio antigo, o que transforma o passeio numa possível visita a um sem fim de monumentos. 
Voltando às ruazitas, temos, porta sim porta não, um sem fim de lojinhas de tudo o que seja necessário à típica vida provençal: cestos que são utilizados para todas as tarefas desde ir ao mercado até ir à praia, os típicos sabonetes de marselle e todos os perfumes que tem origem nesta região. E como não podia deixar de ser, e o que mais me fascinou, uma data de lojas de comida, desde lojas de massa caseira, fromageries (loja de queijos), boucheries (talho), boulangeries (padarias), pâtisseries (pastelarias), sucreries (lojas de nougats, caramelos e etc), e bastantes lojas gourmets, aiiii uma maravilha atrás da outra, a verdade é que não é preciso ser cozinheiro para ficar louco com estas lojinhas, mas até quem apenas sabe apreciar uma boa refeição, não consegue ficar indiferente a todo este espectáculo. Como não fosse suficiente temos logo desde manhã, o cheirinho de todas as varias especialidades de todos os mil e um restaurantes que se encontram a cada esquina, desde bistros, brasseries, mouleries, pizeries e etc etc, que no final de contas apesar de o nome variar todos exemplificam a sua maneira o melhor da cozinha provençal (pois claro, que aqui cozinha globalizada nem entra, só cozinha tradicional e o mais típica de possível). 













Confesso que esta foi uma parte agri-doce, ver todas estas maravilhas, e não poder comprar 3 mil coisas para experimentar tudo e poder ter o prazer de as cozinhar... custou bastante, mas ouvi dizer que não se pode ter tudo, e à que se contentar com o que se tem, por isso foi mesmo o que fiz. 
No entanto, eu viria a saber que isto era só uma amostra do que estava para vir. Uma coisa engraçada é que parece que toda a cidade grita "Verão", ou não se trata-se de uma cidade mediterrânea, como tal, parece que por qualquer ruazinha que escolher-mos, esta leva-nos em direcção à beleza inigualável e irresistível daquele mar. 










Assim, mesmo antes de chegar à marginal, tchan tchan tchan tchan tchaaaaan, chegamos a uma praça bastante maior que as outras, que rápidamente percebemos que se trata do mercado, o centro de todos os acontecimentos. Tem graça ver como o mercado vai mudando consoante as horas, enquanto de manhã é uma montra dos mais maravilhosos legumes e frutas (que como não podia deixar de ser já falaremos), a tarde vira de flores e à noite de artesanato, quadros e joalharia, sempre rodeado de mais um sem fim de restaurantes que oferecem as mais variadas especialidades da região. 
È aqui no mercado que nos caí a ficha, principalmente para nós cozinheiros, e aqui que começamos a juntar um mais um, que juntamente com todas as lojinhas pelas qual passamos, por todos os restaurantes envolventes e que percebemos o que é e o que significa cozinha em terras provençais.


Curiosos para mais sobre a cozinha provençal? A continuação do texto, está aqui

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